Esta é, sem dúvida, a queixa mais freqüente no consultório. Mas não é aquele cansaço de final de semana atarefada ou de final de ano em que você lutou o ano todo e pouco conseguiu. Não, é aquele cansaço sem remédio. Você viaja no fim de semana e na terça já está “no bagaço”. Aí você resolve ensebar o pijama o final de semana todo, dorme bastante e nada. Depois pega o feriado prolongado, faz só o que gosta e o cansaço continua. Aí tira férias maravilhosas; parece que lá estava bem, apesar da energia baixa. Mas, ao voltar, em três ou quatro dias, está com a mesma fadiga.
Isto pode ser Menopausa, Andropausa, Hipotireoidismo subclínico ou, mais provavelmente Fadiga da glândula suprarrenal ou simplesmente Fadiga Adrenal.
Como saber se você está com Fadiga Adrenal:
- Se você está com dificuldade para se levantar pela manhã. O relógio tocou o alarme três vezes e você não se sente capaz de se assentar na cama.
- Continua cansado mesmo após dormir seis horas ou mais. Ânimo é uma palavra de outra língua para pessoas com fadiga adrenal. Mesmo após férias, parece que volta melhor, mas em alguns dias está com o mesmo cansaço.
- Fica procurando desesperadamente pelo sal. Você percebe isto se come inteiro um pacote de chips ou se frequentemente está acrescentando sal na comida.
- Falta de energia. Você percebe isto quando resolve fazer algo que gostava antes, como dançar, e não sente energia para isto. Após alguns minutos sente-se esgotado e quer parar de fazer o que antes era algo fácil e agradável;
- Dificuldade para fazer as suas tarefas diárias. Tudo fica muito pesado e você gasta mais tempo para fazer o que antes fazia rapidinho.
- Queda do desempenho sexual. Sexo será a última coisa em sua mente pensará quando você mal tem energia para manter sua cabeça em cima do pescoço.
- Perda de habilidade para coisas do dia a dia. Você fica ansioso sem motivo, irritado ou irritada, briga com os filhos por nada e grita e chora por ajuda.
- Aumenta o tempo para se recuperar de uma doença, uma injúria ou um trauma. O resfriado do mês passado ainda o está incomodando; o corte no seu dedo demorou semanas para cicatrizar; dois anos após a morte do seu pai e você se sente incapaz de resolver as coisas.
- Tontura quando você se levanta repentinamente. Você teme cair ou ter um desmaio a qualquer momento quando se levantar da cama ou da cadeira.
- Depressão profunda. Você começa a pensar que o jeito é apelar para a bebida alcoólica. Já está bebendo mais do que acha que deve?
- Perda de envolvimento e felicidade com a vida. Nada mais parece interessante. Trabalho e relacionamentos parecem vazios. E você quase nunca faz algo apenas para se divertir.
- T.P.M. horríveis. Irritada, briguenta, cansada, inchada, com dores e comendo muito chocolate. E encara todos e pergunta: tem algo errado se ajo assim?
- Busca exagerada por comidas pobres ou inadequadas. Tudo parece errado, mas você só tem vontade de comer lanches, refrigerantes, doces e cafés.
- Baixa autoestima. O sentimento é de que “não sou capaz” e se pensa no emprego que tem, “não sei como consegui chegar aqui” e a insegurança é grande a ponto de não sentir bem trajado com as mesmas roupas e gravatas de antes.
- A memória já era. Você só lembra o que anota e por isto se sobrecarrega mais anotando tudo.
- Queda de produtividade. Você começa a ficar longe das suas metas. Fica difícil completar as tarefas.
Tudo parece muito estranho: se deixar, você não levanta
antes das dez; após o almoço, se tiver uma cama, você dorme; mas após as dezoito horas algo estranho acontece: você fica com energia e gostaria de fazer tudo o que não fez o dia todo. Só que esta “euforia” não dura muito também. Mas pode ser suficiente para você ficar mexendo no computador ou vendo filmes e acabar dormindo muito tarde e isto faz com que sua fadiga se torne crônica.
O que fazer nestas circunstâncias?
Não temos escolha, o tratamento tem que ser feito o mais rápido possível. Ninguém pode viver assim! A qualidade de vida acabou totalmente e a pessoa com fadiga adrenal não produz mais. E, infelizmente, ela acomete os melhores executivos, os professores exemplares, os melhores profissionais de cada área, os estudantes mais competentes para passarem no próximo vestibular; as zelosas mães e donas de casa.
O tratamento é feito com a reposição adequada dos hormônios que estão em níveis inferiores aos ideais. E aqui ficamos com o grande questionamento da medicina: quando tratar? Precisamos entender as referências dos laboratórios. Houve sérios estudos antes destes parâmetros serem definidos, mas hoje eles não correspondem mais às nossas necessidades. Vivemos em um mundo estressante e talvez precisem ser mudados ou nós médicos precisamos ser mais clínicos e vermos as necessidades de nossos pacientes.
Os dois hormônios que quando baixos causam estes sintomas são o Cortisol e o DHEA (Dehidroepiandrosterona). A referência dos laboratórios habitualmente colocam Cortisol normal entre 4 e 25. Ocorre que o Cortisol é o único hormônio que se chegar a “zero” no organismo, é incompatível com a vida. Aprendemos que o Cortisol baixo define a Doença de Addison. Eu nunca vi uma pessoa com esta doença; não conheço nenhum colega que a tenha visto e acredito que o médico que viu alguém com esta doença, viu por pouco tempo, pois o cliente deve ter morrido logo em seguida. Sendo assim, não estamos apavorados quando vemos valores muito baixos e resolvemos intervir. Tem sido realmente algo salutar. Costumamos intervir quando os valores estão abaixo de 15 e os sintomas são evidentes. Este hormônio, se estiver acima de 22, também não é saudável!
Acredito que posso contar aqui o sofrimento de um sobrinho de minha esposa que mora em Brasília. Rapaz muito inteligente e estudioso, fazendo curso na Universidade de Brasília. De repente, caiu de produção, não queria ir mais à faculdade e nem passear com os amigos. Ficava calado em casa; chorava em alguns momentos e dormia na maior parte do tempo. A mãe o levou ao Psiquiatra que forneceu-lhe medicação adequada pelos sintomas apresentados. Mas ele nada melhorou em três meses de tratamento. Como viriam para o casamento do meu filho, disse para fazerem a lista completa da dosagem dos hormônios e me trazer. Se tudo estivesse normal, que continuasse com o psiquiatra. Se algo eu pudesse ajudar, passaria em consulta comigo. Achei incrível os resultados de exames dele, pois tudo estava absolutamente normal, exceto o Cortisol e o DHEA; mais alterado estava o Cortisol, cujo nível era 4. Já peguei outros clientes com níveis entre 4 e 8, mas este além de ser um dos mais baixos, era exclusivo, ou seja, só a Suprarrenal não estava funcionando bem. Iniciamos o tratamento com o Cortisol Bio-idêntico e menos de dois meses ele voltou às suas funções, estudou e fez concurso público e continua levando vida totalmente normal. Fico me perguntando: se não tivéssemos feito esta descoberta e este tratamento, por quanto tempo ele ficaria “ fora do ar”? Não sei. Acredito que o próprio organismo dele acharia a saída e voltaria a produzir os hormônios da suprarrenal. Mas quanto tempo isto demoraria? Será que ele perderia um ano na faculdade? É difícil supor, mas acho que fiz o certo; o médico deve interferir para curar o cliente. Mesmo quando ele não está doente ainda. Veja bem: ele estava se sentindo mal e com comportamento estranho, a ponto do psiquiatra apoiá-lo e medicá-lo. Mas se o problema estava na glândula suprarrenal, enquanto não aumentasse o nível destes hormônios, não voltaria o seu bem estar. Este tratamento será para sempre? Não, apenas até seu organismo retomar suas funções normais. E isto ocorreu há 5 anos. E ele continua bem!